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Segundas chances são abundantes no trabalho da emergente artista Juli Bolaños-Durman. Ela transforma garrafas velhas de cerveja e outros vidros descartados em esculturas lúdicas que incitam emoções - deleite, desejo, e uma certa ternura.

"Meu trabalho busca o conceito de preciosidade através da apropriação de objetos encontrados", diz Juli. "Enquanto criadora, não quero criar coisas simplesmente porque posso. Eu tento dar uma nova vida àquele lixo sobre o qual as pessoas não pensam duas vezes."

Juli encontrou seu meio quando era estudante de pós-graduação na Faculdade de Artes de Edimburgo, onde teve acesso a uma variedade de máquinas de cortar vidro que a universidade havia resgatado da extinta fábrica Edinburgh Crystal. Essas ferramentas permitiram que ela criasse uma coleção de 60 esculturas, feitas com vidros fundidos e soprados, os quais a artista primorosamente recortou a mão e combinou em um processo de jogo intuitivo. Inspirada pelos frascos de perfumes de sua avó, cada peça nesta série Ode to Intuición (Ode à Intuição) exala uma peculiaridade própria. Elas dançam e balançam com um charme disforme. "Se o trabalho convidar o espectador a se admirar um pouco, a se divertir um pouco, sinto que fiz um bom trabalho", diz a artista.

Suas explorações contínuas conquistaram reconhecimento internacional para a artista costarriquenha. Uma série de cocares de vidro inspirada em trajes transculturais - o Made-Up Museum of Artefacts (Museu de Artefatos Inventados) - será exibida em janeiro de 2020 na mostra New Glass Now do Corning Museum of Glass. E seu trabalho fez parte da primeira edição da Bienal de Harewood, no Reino Unido - Useful/Beautiful: Why Craft Matters.

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Recentemente, Juli completou uma residência de dois meses junto à Fundação Basu em Calcutá, Índia, onde trabalhou em colaboração com o Projeto Karwaan Design e artesãos locais da comunidade de Firozabad, que tem uma tradição centenária com o vidro. Inspirada pelo palácio do século XIX da fundação e imaginando seu rico passado, ela criou Apparitions — Man Is Not the Centre (Aparições - O Homem Não é o Centro), uma série de escultura feitas com partes de lustres em tons vívidos. "Havia uma camada grossa de poeira em cima, quando começaram a trazer os cristais", conta. "Eles começaram com todos os mais chiques, tipo os que se vê naqueles lustres franceses. Mas depois de algumas horas, me trouxeram outros que eram um pouco excêntricos, um pouco esquisitos - e aí eu me apaixonei."

Juli Bolaños-Durman recebeu seu título de Mestre em Belas Artes da Faculdade de Arte de Edimburgo em 2013. Ela foi a vencedora da categoria ECO DESIGN do ELLE DECORATION British Design Awards, em 2015, e do Inches Carr Scottish Craft Award em 2017. Seu trabalho figura na coleção do Museu de Arte Contemporânea e Artes Aplicadas (MUDAC) em Lausanne, na Suíça.

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